MARIANE VILAS-BOAS MELO
2 min readNov 12, 2019

morning talk

Vamos à praia, a gente prometeu que ia. Eu quero sentir o cheiro de peixe e de água salgada. Eu sei que as praias aqui perto da cidade são todas poluídas e nunca faz sol lá, mas eu conheço algumas boas, vamos, a gente aluga um carro, a gente dorme nele se for o caso. Vamos à praia, eu preciso urgentemente sentir cheiro de queijo coalho na areia. Os daqui não são como os da Bahia, os daqui são borrachudos, são ruins, os vendedores não oferecem melado de cana, mas é o queijo coalho que temos. Não podemos ir à Bahia agora, talvez ano que vem? Lá você vai experimentar o melhor queijo coalho da sua vida, eu prometo. O cheiro da praia na Bahia é diferente, a cor da praia também. Eu já te contei que foi lá que eu vi o pôr-do-sol mais bonito da minha vida? Já, eu sei, eu te conto a mesma história mil vezes e você age como se fosse a primeira, finge interesse porque você quer ser legal comigo. Pare de ser legal comigo e vamos à praia. Você não entende a urgência de alguém querer ir à praia, você não entende nada. Tudo bem, se não der pra ir agora, a gente pode pelo menos tomar sol? Pode ser na praça, a gente finge que está na praia, eu levo uma canga e a gente passa protetor solar, esse cheiro é mágico, nos leva pra lá. Deveríamos passar protetor todos os dias, você tem usado? Não deixe de usar, você não vai ter câncer de pele e vai sentir um pouco do cheiro da praia todo dia de manhã, um privilégio. Estamos em novembro, só os dias quentes nos esperam. Use protetor e aluga um carro pra gente, vamos à praia.

MARIANE VILAS-BOAS MELO
MARIANE VILAS-BOAS MELO

Written by MARIANE VILAS-BOAS MELO

“see enough and write it down” — joan didion

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