amor, miojo e outras merdas.
Já parou pra pensar no que dá pra fazer em três minutos?
Enquanto eu espero a instantaneidade do meu jantar, penso que esses três minutos nem são tão exatos, a gente sempre deixa mais um pouquinho. Penso também que o brasileiro ainda acredita no amor acima de todas as coisas. E lembro que o amor é paciente.
Mas essa ideia do amor paciente não funciona comigo. Entra na lista de coisas que não funcionam comigo. E-book, absorvente interno, pornografia e Star Wars. Dá certo com muita gente, mas não adianta, eu não compro, acho impossível.
E o impossível ainda me interessa. O miojo de tomate da turma da mônica ainda me interessa. A paciência ainda me interessa. O amor, bem, esse eu já entendi que não tem escapatória. É quase um castigo.
E nem falo aqui do amor romântico, nem me atrevo a falar de coisas que não entendo. Falo das paixões que cultivamos, as que nos fazem levantar de manhã e passar um café. Aquelas que dão propósito pra vida.
Penso também que sou ingênua e acredito na bondade das pessoas. Ainda reciclo meu lixo e nunca dou minha opinião quando não solicitada. Ingênua de novo. Ainda falo amém quando alguém me diz vai com Deus, mesmo não acreditando que ele está com tempo de me acompanhar no caminho pra casa. E no final das contas, ainda assim, viro comida de larva debaixo da terra.
E todos esses pensamentos que me ocorreram nesses três minutos não exatos, teriam se perdido pra sempre se eu não tivesse anotado enquanto o miojo esfriava. As palavras confusas atrás do boleto do condomínio — que ainda prego na geladeira pra não esquecer de pagar, viraram um texto que será lido em… dois minutos e meio.
Já parou pra pensar no que dá pra fazer em três minutos? Pra quem tem fome, pode parecer uma eternidade.