acting as if all the pain in the world was my fault.
Eu achei que eu era a pessoa mais triste no Dia% da General Olímpio da Silveira naquela noite. O Dia é um mercado deprimente por si só, eu sei. Sempre com meia dúzia de gatos pingados, dois funcionários e caixas espalhadas pelos corredores. A disputa estava acirrada. Eu competia com uma penca de bananas esquecida em cima de uma pilha de papel higiênico, e com a moça do caixa que usava uma máscara com a estampa da nossa senhora aparecida. Não sei quem ou o que estava mais deprê. Entrei pra comprar água porque eu ainda não tenho um filtro na casa nova. Comprei água e 12 latas de Heineken. Sacola? Sim, três, por favor. Empacoto tudo e volto pra casa. Chego na casa, limpo as compras com álcool 70%. Abro uma latinha. Tá com gosto de álcool 70%. Deveria ter comprado aquela penca de bananas pros moleques que ficam aqui debaixo do prédio. Moça, compra um lanche e uma coca pra gente ali na padaria. Eu tive a coragem de responder que não tinha dinheiro. Foi mal, tô sem nada. Só se for sem vergonha na cara mesmo. Pensei em voltar e ajudar, mas do alto do décimo primeiro andar a gente fica menos humano. As bananas tinham que ser consumidas hoje. Amanhã vão pro lixo. Eu deveria ter comprado as bananas. Penso nisso navegando pelo iFood. Eu mereço um hambúrguer, meu final de semana foi uma merda. O ser humano é muito escroto mesmo. E eu ainda achava que eu era a pessoa mais triste do supermercado mais triste debaixo do viaduto mais triste de São Paulo.