a cartomante
minha imaginação fértil me levou pros piores lugares que já estive.
minha ambição também, meu signo, que é de terra, explica.
a velha que leu a minha mão e tirou as cartas me contou isso.
disse também obviedades e frases genéricas, que serviriam pra qualquer um.
antes que eu saísse daquela sessão bizarra — da qual eu também não entendia o sentido de estar.
ela segurou forte na minha mão de novo e disse sorrindo:
“você é seu pior inimigo”
fiquei em silêncio, levantei, acenei com a cabeça, deixei o dinheiro amassado na mesa e caminhei até a porta da espelunca.
fazia calor, muito.
meu cérebro derreteu um pouco na calçada
no caminho pra casa senti saudade do inverno.
deitada no chão gelado do meu quarto a frase da velha ecoava na minha cabeça.
briguei com o meu inimigo até de manhã.